Obrigada, Glória Maria! Este é um texto simples, só para te agradecer mesmo. Te agradecer por ter sido a única mulher negra da minha infância a estar presente no jornalismo nacional. Você mostrou que seria possível para tantas de nós, ainda que não fosse fácil, chegar até a "glória".
Sinceramente, você é a única pessoa que me marcou, na época de infância, a ter a cor da pele parecida com a da minha a estar na TV brasileira em uma posição de poder.
A maioria das brasileiras negras dos anos 1990 apareciam na TV interpretando ou sendo entrevistadas como empregadas domésticas, escravizadas, trabalhadoras braçais, ambulantes e etc. Sempre de guerreiras e nunca reconhecidas. Foram poucas pessoas que nós meninas negras olhávamos e pensávamos: nossa, ela se parece comigo e quero ser como ela. E minha memória é bem boa para a idade que eu tinha nessa época.
Você foi um respiro para autoestima pisoteada de toda uma geração de meninas pretas, que não se reconhecia em nada mais do que passava na televisão. Representatividade importa!
Pioneira quase tudo que um profissional da comunicação do seu tempo poderia ter sido. Primeira mulher negra, primeira a entrar ao vivo na era da TV a cores, primeira mulher brasileira a cobrir uma guerra (a Guerra das Malvinas, na Argentina), mais de 100 países visitados em suas reportagens. Mas de tudo o que fez, o que mais alegrava meu coração era ver você entrevistando personalidades.
Lembro que via a propaganda durante a semana e não perdia o Fantástico de jeito nenhum só para ver você entrevistando Michael Jackson, em 1996, ou Elton John em 2001 e o máximo: Madonna em 2005. Na época dos memes, já em 2016, teve aquela sequência maravilhosa do tapa lá para reportagem Jamaica! Isso que é jornalismo gonzo (aquele em que jornalista fica imerso no ambiente em questão).
Enfim, Glória (querida Chicória Maria kkk), muito obrigada por tudo isso! Descanse em paz!
Com admiração,
Marcela
IMPERDÍVEL: Vídeo com crianças brincando de jornalistas. É sobre isso!