Vinte e sete anos depois, a melhor amiga de Leonardo Pareja, rompe o silêncio e conta os detalhes, nunca antes revelados, da vida de um dos criminosos mais famosos do Brasil. Adriana Ripardo contou toda a história, no livro "Muralhas da solidão”, que foi lançado no dia 30 de março, na Câmara Municipal de Uruaçu.
No livro a autora conta a história de Leonardo Pareja, totalmente diferente das reportagens e noticiários da época, mostrando o lado humano, sensível e genioso de Pareja. A biografia traz em detalhes como ele agia, pensava e arquitetava seus planos e estratégias.
O livro começa contando como os dois se conheceram, durante uma fuga de Pareja e como eles se tornaram melhores amigos e confidentes. Em um dos trechos, Adriana conta como ele sobreviveu na mata para não ser encontrado pela polícia e como ficou escondido na casa da amiga. A publicação está recheada com imagens e esboços escritos por ele.
A obra traz ainda depoimentos inéditos de pessoas que também estiveram com Pareja de perto, como a delegada Renata Cheim, o desembargador Homero Sabino, e outros personagens que foram feitos reféns, durante uma rebelião no presídio, liderada por Pareja.
Além do livro, Adriana guarda um arsenal de documentos, como milhares de cartas que Pareja recebia na cadeia, de mulheres do Brasil inteiro, esboço de planos de fuga da cadeia e centenas de fotos que ele mandava com dedicatória.
Adriana escondeu esse segredo, até de sua família, durante vinte anos. Só revelou toda a experiência agora, quando foi encorajada a escrever o livro “Muralhas da Solidão”.
Quem foi Pareja
Famoso por seu sarcasmo, beleza e ousadia, Leonardo Pareja começou sua trajetória de fama em setembro de 1995 quando, após assaltar um hotel na cidade de Feira de Santana, Bahia, manteve como refém por três dias uma garota de 16 anos, Fernanda Viana, sobrinha do então senador Antônio Carlos Magalhães (fotos acima). Neste episódio começou a ganhar fama de audaz ao negociar com a polícia coberto por lençóis de maneira a impossibilitar a atuação de atiradores de elite.
Após libertar a garota, passou mais de um mês fugindo da polícia e enquanto isto dava entrevistas às rádios e televisões, sempre debochando e desafiando a polícia. Às vezes chegava a anunciar a ida em determinado município, mas sempre conseguia escapar. Dava autógrafos e tinha muitos fãs.
Em abril de 1996 comandou uma rebelião de sete dias no Centro Penitenciário de Goiás (CEPAIGO), na cidade de Aparecida de Goiânia, quando ele e mais 43 detentos fugiram após fazer várias autoridades como refém, inclusive o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Desembargador Homero Sabino.
No mesmo ano, foi tema de um documentário Vida Bandida-Leonardo Pareja realizado por Régis Faria. Foi traído e morto na prisão em dezembro de 1996, por ter delatado um plano de fuga.
Saiba mais: Relembre Leonardo Pareja: dos sequestros e rebeliões à morte sem fama